O escudo que é retratado na armadura de Efésios é um escudo romano. Esse escudo, chamado 'scutum', era aquele escudo longo que cobria dos pés à cabeça. Muitas vezes, imaginamos um escudo redondo e pequeno, mas aqui, Paulo especifica esse tipo de escudo que é muito peculiar ao exército romano e muito significativo na simbologia que ele empregou para as armas espirituais.

O escudo romano, assim como o escudo da fé, tinha dois objetivos principais. O objetivo primário era a proteção do exército contra as lanças, flechas e espadas inimigas. Todavia, existe um segundo aspecto não tão conhecido. O escudo era usado para possibilitar o avanço de toda uma legião. Essa tática ficou conhecida historicamente como “formação tartaruga”, pois era forte e defensivamente rígida como o casco de uma tartaruga. Por mais lentos que fossem as legiões romanas, elas eram firmes e poderosas contra os inimigos.

O exemplo de Paulo nessa armadura também objetiva esses dois aspectos. Primeiramente, vemos o escudo como a principal arma de defesa. A fé, como peça fundamental contra os dardos do diabo. E, de fato, sem fé não conseguiríamos permanecer contra os intentos do inimigo. Seria impossível viver a vida de Deus sem esse escudo de defesa, mesmo porque, constantemente, somos atacados pelo inimigo e, uma vez sem esse escudo, seríamos alvos fáceis.

O segundo aspecto tem a função de mobilidade. A força defensiva do escudo permite à Igreja contra-atacar o inimigo. A palavra nos diz que as portas do inferno não prevaleceriam contra a Igreja de Jesus (Mateus 16:18). Aqui, Jesus está claramente demonstrando um aspecto ofensivo da Igreja, e assim podemos dizer que pela fé poderemos avançar contra as portas do inferno. Se temos pensado na fé enquanto uma certeza que se realiza, podemos também dizer que, quando evangelizamos e as pessoas se convertem, estamos atuando exatamente nesse sentido da fé e roubando o inferno. Certamente, suas portas não prevalecerão contra nós. Esse é só um exemplo da fé operante, mas existem outros. O exemplo de Jesus, em Lucas 4, é um excelente exemplo do escudo sendo usado na defensiva. Ali, Jesus se firmou na palavra com tamanha fé que o diabo nada teve a fazer senão recuar. O que isso nos lembra? Tiago 4:7 nos diz: “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós”.

 Os dardos inflamados 

Ao escrever esse estudo, eu achei por bem adicionar um rápido comentário sobre os dardos do diabo para auxiliar os irmãos na prática. Afinal, onde o diabo ataca a Igreja? Eu seria simplista se falasse apenas do pecado, portanto, irei além. O diabo usa muitas mentiras diferentes para nos acusar (João 8:44c), dentre elas, a de que o pecado não pode ser esquecido. Um dos dardos do diabo, aliás, é nos culpar baseado em algum pecado que cometemos. Quem nunca se lembrou daquele pecadão bem na hora do culto? Ou bem no momento de orar por alguém? Esse é um dardo que o diabo usa para tirar a nossa autoridade e nos tirar também da presença de Deus. Entretanto, se nós cremos na obra reconciliadora de Jesus na cruz, esse ataque de nada servirá! Glória a Deus que nos redimiu por completo! Aleluia! Creia e viva.

Porém, existem dardos menos perceptivos que o diabo lança na Igreja. Hoje em dia, existem muitas coisas que o diabo usa para minar o trabalho de Deus nos homens e são esses ataques que mais devemos atentar. São aqueles ataques que parecem inofensivos, mas que causam muito dano. Um deles são as opiniões. Vivemos na era do “eu acho”. Quantas vezes, ao compartilhar uma palavra simples e objetiva, eu ouvi uma resposta do tipo: “Ah! Mas eu acho que não é bem assim”. Você percebe a sutileza? O diabo consegue te induzir a racionalizar uma palavra prática, tornando-a, assim, infrutífera. Talvez a pessoa não saiba, mas ela acabou de ser enganada pelo diabo.

Nesse mesmo pensamento, percebemos as muitas falsas doutrinas que maculam a obra do Senhor. Muitas vezes, a doutrina é bíblica (ainda que parcialmente) e os irmãos têm até uma boa intenção. Da mesma forma são as filosofias e pensamentos. Tudo isso pode racionalizar a palavra de Deus e fazer com que o poder de Deus seja posto em segundo plano. A cultura mundana do conhecimento e da informação faz com que nós tenhamos a obrigação de saber sobre tudo e querer entender o significado de todas as coisas, mas não é bem assim que devemos caminhar. A única coisa a qual precisamos reter nossa atenção é a graça que nos foi manifesta em Cristo Jesus (1 Pedro 1:13b). Isso nos basta. Se nos firmássemos nessa graça, não haveria espaço para racionalizações nem para nenhum dardo do diabo contra a Igreja.

Existem muitos outros dardos, mas não é o nosso objetivo tratar deles aqui. O antídoto ideal contra os dardos do diabo é crer na palavra como a Verdade. Ninguém é maior que o poder manifestado na Verdade. Escute a sabedoria dela com zelo e paixão e dificilmente você será enganado pelas artimanhas do diabo.

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